Monday, December 21, 2009
White Christmas / Natal Branco
Parece que este ano vamos mesmo ter um Natal branco... Feliz Natal a todos!
It seems this year we'll have a real white Christmas... Merry Christmas, everyone!
Wednesday, December 9, 2009
Model Drawing
Há anos que andava a querer fazer uma coisa destas, mas por uma razão ou por outra, nunca foi possível. Quando vivia perto de Lisboa, andava sempre a correr de um lado para o outro e apesar de várias instituições oferecerem aulas de desenho de modelo, eu nunca consegui organizar-me de maneira a frequentar uma. Depois vim para o norte, a vida tornou-se substancialmente mais fácil e mais calma, mas... aqui não havia aulas deste tipo... até agora. Felizmente, abriu recentemente na cidade um excelente centro de arte contemporânea (Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, cliquem aqui para mais informações) que, entre várias outtras actividades interessantes, está neste momento a oferecer aulas de desenho com modelo. E assim, uma tarde por semana, lá vou eu batalhar com poses que mudam a uma velocidade vertiginosa e um "objecto" com o qual nunca tinha trabalhado antes, o corpo humano. Para alguém habituado a fazer ilustrações hiper-detalhadas, que demoram várias horas a terminar, começar e acabar um desenho em 30 segundos é um verdadeiro desafio! Mas muito compensador, não tanto pelos resultados, como podem ver, mas pelo muito que tenho aprendido com o Manuel Trovisco. O desenho lá de cima foi feito em 30 segundos, com carvão, o de baixo em 5-7 minutos, também com carvão, mas num papel um pouco mais texturado. As mãos, os pés e as pernas, são sem dúvida as partes do corpo mais difíceis de desenhar.
I've been wanting to do this for ages, but somehow, when I lived near Lisbon I was always running from one place to the other and never found the time to take a model drawing class. Then I came up north, life became a lot easier and calmer but... no model drawing classes available... until now. A great contemporary art centre (Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, check it out here) opened in town recently and this year, among many other interesting activities, they are offering a model drawing class. So, one afternoon every week, there I go, to struggle with rapidly changing poses of a subject that I had never worked before- the human body. For someone used to make detailed ilustrations that take several hours to render, drawing a whole body for a mere 30 seconds is a real challenge! But it's really rewarding, not in terms of results, which are still... well, what you can see! - but regarding all that I am learning with the talented Manuel Trovisco. The first drawing was made in 30 seconds using a charchoal stick, the second is what I was able to achieve in 5-7 minutes, using a slightly more textured paper. Hands, feet and legs are definitely the hardest body parts to draw.
I've been wanting to do this for ages, but somehow, when I lived near Lisbon I was always running from one place to the other and never found the time to take a model drawing class. Then I came up north, life became a lot easier and calmer but... no model drawing classes available... until now. A great contemporary art centre (Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, check it out here) opened in town recently and this year, among many other interesting activities, they are offering a model drawing class. So, one afternoon every week, there I go, to struggle with rapidly changing poses of a subject that I had never worked before- the human body. For someone used to make detailed ilustrations that take several hours to render, drawing a whole body for a mere 30 seconds is a real challenge! But it's really rewarding, not in terms of results, which are still... well, what you can see! - but regarding all that I am learning with the talented Manuel Trovisco. The first drawing was made in 30 seconds using a charchoal stick, the second is what I was able to achieve in 5-7 minutes, using a slightly more textured paper. Hands, feet and legs are definitely the hardest body parts to draw.
Tuesday, October 20, 2009
Spade-leaf plant / Espada-de-água
Suponhamos que duas pessoas vão dar um passeio; a primeira desenha bem, a outra não tem qualquer inclinação para essa actividade. Suponhamos que tomam um caminho pelo meio da verdura. Os dois indivíduos perceberão dois espectáculos muito diferentes na mesma paisagem. Um verá o caminho e árvores; aperceber-se-à de que as árvores são verdes, embora não pense minimamente no assunto; verá que o sol brilha e que esse brilho produz um efeito agradável, e é tudo! Mas que verá, pelo seu lado, o desenhador? Os seus olhos estão habituados a investigar as causas da beleza e a penetrar os mínimos recessos das coisas que o atraem. Olhando para cima, observará como, num feixe de linhas luminosas, os raios de sol chovem e se derrama, lá no alto, sobre as folhas rebrilhantes, impregnando o ar de uma claridade esmeralda. Descobrirá aui e ali um ramo que aparece por entre o véu das folhas; verá, cintilando como uma jóia, o musgo esmeralda e o coloridofantástico dos líquenes, brancos e azuis, púrpura e vermelhos, que se misturam e fundem harmoniosamente num mesmo alarde de beleza.Seguir-se-ão, aos seus olhos, os troncos escavados e as raízes nodosas, que se agarram, com os seus anéis de serpente, ao declive brusco cuja terra coberta de relva se enfeita de flores de milhentos tons. Não será tudo isso digno de ser vist? E contudo, quem não saiba o que é desenhar, depois de percorrer o caminho ladeado de verdura, nada, ao chegar a casa, terá para dizer ou em que pensar, a não ser que passou pelo caminho em questão.
(John Ruskin, citado no livro A Arte de Viajar, de Alain de Botton)
Finalmente, encontrei uma justificação para o facto de me perder tanto nos pormenores... O desenho lá de cima foi feito numa tarde de pesca, no rio Sabor, com grafite e lápis de cor, no caderno de campo, nos minutos roubados a perseguir a mais pequenina, que entretanto se descalçou umas seis vezes e trepou a 90% das rochas das redondezas...É de notar que a admiração de Ruskin pelo desenho não se concentrava no talento do desenhador ou na qualidade do produto final (aliás, ele depreciava os seus próprios desenhos). Pelo contrário, ele via importância e valor no próprio acto de desenhar, pois acreditava que a sua prática nos ajudava a ver melhor.
* * *
Let two persons go out for a walk; the one a good sketcher, the other having no taste of the kind. Let them go down a green lane…The one will see a lane and trees; he will perceive the trees to be green, though he will think nothing about it; he will see that the sun shines and that it has a cheerful effect; and that’s all! But what will the sketcher see? His eye is accustomed to search into the cause [my bold] of beauty, and penetrates the minutest parts of loveliness. He looks up, and observes how the showery and subdivided sunshine comes sprinkling down among the gleaming leaves overhead, ‘til the air is filled with the emerald light. He will see here and there a bough emerging from the veil of leaves, he will see the jewel brightness of the emerald moss and the variegated and fantastic lichens, white and blue, purple and red, all mellowed and mingled into a single garment of beauty. Then come to the cavernous trunks and the twisted roots that grasp with their snake-like coils at the steep bank, whose turfy slope is inlaid with flowers of a thousand dyes. Is not this worth seeing? Yet if you are not a sketcher you will pass along the green lane, and when you come home again, have nothing to say or to think about it, but that you went down such and such a lane.
(John Ruskin in The Art of Travel by Alain de Botton)
(John Ruskin in The Art of Travel by Alain de Botton)
I've finally found a justification for my habit of focusing on all the tiny details... The sketch above was made during a fishing afternoon at river Sabor. I made it in the few minutes of relative quietness, while I was not chasing my smaller daughter who meanwhile took off her shoes some half dozen times and climbed at least 90% of the rocks around us...
It is to note that Ruskin's admiration for drawing was not focused on talent or the final product – even Ruskin downplayed his own sketches as unoriginal and listless. Instead, he saw value in the action. The practice of drawing, he believed, evolves the individual from a “looker” to a “seer.”
Thursday, October 15, 2009
Hawthorn Jelly / Geleia de Pilriteiro
Há já vários anos que, cada Outono, olho para as bagas do pilriteiro e penso: "Tenho que experimentar fazer um doce com isto". Foi desta. Ao fim do dia, atirei-me ao pilriteiro que cresce em frente à nossa casa, e toca de apanhar bagas. A verdade é que estive prestes a desistir, porque estava-me a custar estragar um arbusto tão bonito. Mas depressa percebi que mesmo que apanhasse muitas bagas (e foi quase 1 kg, com a ajuda do resto da família, que depois se juntou a mim), o pilriteiro tinha tantas, que praticamente não se notava a diferença.
Depois de bem lavadas, fervi-as durante uma hora, juntamente com a casca e o caroço de uma maçã, por não ter a certeza se as bagas têm pectina suficiente para gelificar bem, esmagando-as de vez em quando com um daqueles utensílios que servem para fazer puré. Depois, filtrei com um pano fino de algodão (deixei a filtrar de um dia para o outro). No dia seguinte, coloquei o líquido numa panela com açúcar (proporção1:1) e deixei ferver até atingir o ponto de estrada - deita-se um pouco num prato, passa-se o dedo pelo meio e, se a "estrada" assim aberta na geleia não voltar a fechar, é porque está pronto (não esquecer lamber o dedo ao fim de cada teste). Ficou... delicioso!
It's been several years that every autumn, I look at the Hawthorn berries and think that I must do some kind of jam with them. Well, this was it. Two days ago, I took a big bowl and filled it with hawthorn berries. I almost gave up, because I was feeling a bit guilty from spoiling such a beautiful plant... But I soon found out that even if I picked up a lot (and it was near 1 kg, with the help of the family who soon joined me), the hawthorn was so full of berries that one hardly noticed the difference.
Back home, I washed the berries, put them into a pan and covered with water. I added the peel and seeds of an apple, because I was not sure the hawthorn berries had pectin enough to produce a firm jelly and I cooked for about an hour, mashing them now and then with a potato masher. After this, I filtered the whole thing using a cotton cloth and let it strain over night. The next day, I poured the liquid into a pan, added sugar (1:1) and heated gently until the jelly had reached setting point - you can tell it when you pour a bit into a dish and you run your fingertip through it and the line you open by doing this does not close again (be sure to lick your finger after each test to see how it tastes!).
And the veredict is... delicious!
Depois de bem lavadas, fervi-as durante uma hora, juntamente com a casca e o caroço de uma maçã, por não ter a certeza se as bagas têm pectina suficiente para gelificar bem, esmagando-as de vez em quando com um daqueles utensílios que servem para fazer puré. Depois, filtrei com um pano fino de algodão (deixei a filtrar de um dia para o outro). No dia seguinte, coloquei o líquido numa panela com açúcar (proporção1:1) e deixei ferver até atingir o ponto de estrada - deita-se um pouco num prato, passa-se o dedo pelo meio e, se a "estrada" assim aberta na geleia não voltar a fechar, é porque está pronto (não esquecer lamber o dedo ao fim de cada teste). Ficou... delicioso!
It's been several years that every autumn, I look at the Hawthorn berries and think that I must do some kind of jam with them. Well, this was it. Two days ago, I took a big bowl and filled it with hawthorn berries. I almost gave up, because I was feeling a bit guilty from spoiling such a beautiful plant... But I soon found out that even if I picked up a lot (and it was near 1 kg, with the help of the family who soon joined me), the hawthorn was so full of berries that one hardly noticed the difference.
Back home, I washed the berries, put them into a pan and covered with water. I added the peel and seeds of an apple, because I was not sure the hawthorn berries had pectin enough to produce a firm jelly and I cooked for about an hour, mashing them now and then with a potato masher. After this, I filtered the whole thing using a cotton cloth and let it strain over night. The next day, I poured the liquid into a pan, added sugar (1:1) and heated gently until the jelly had reached setting point - you can tell it when you pour a bit into a dish and you run your fingertip through it and the line you open by doing this does not close again (be sure to lick your finger after each test to see how it tastes!).
And the veredict is... delicious!
Monday, October 12, 2009
More Plant Sketching
Ultimamente, tenho usado grande parte do meu tempo livre para trabalhar nos desenhos de plantas, no caderno de campo. A semana passada fui a outra saída de campo de botânica, desta vez para a serra de Montesinho, para ver alguns habitats de montanha (e no regresso, também vi um lindíssimo esquilo). Em baixo, vê-se uma página do caderno a meio do trabalho e em cima, o desenho terminado, mostrando três das espécies típicas que se encontram nos urzais secos, naquela zona.
I've been using most of my spare time to work on my plant sketches lately. Last week I went on another botany field trip, this time to Montesinho, to see some beautiful mountain habitats (and on my way back, I also saw a cute red squirrel). Below you can see one of my sketchbook pages in progress, and above, the finished page showing three typical species found in dry mountain heathlands in that area.
I've been using most of my spare time to work on my plant sketches lately. Last week I went on another botany field trip, this time to Montesinho, to see some beautiful mountain habitats (and on my way back, I also saw a cute red squirrel). Below you can see one of my sketchbook pages in progress, and above, the finished page showing three typical species found in dry mountain heathlands in that area.
Saturday, October 10, 2009
A cool place
O desenho não ficou grande coisa. Estava vento, calor, e só tinha à mão uns lápis das miúdas, daqueles mesmo de má qualidade, ásperos, granulosos e quase sem pigmento (a ver se os ponho de lado). Mas o sítio é tão bonito, que resolvi escrever sobre ele. Se passarem perto de Bragança, apanhem a estrada que vai em direcção à fronteira com Espanha, pelo Portelo. À saída da aldeia de Rabal, numa encosta coberta de vinhas, fica a Taberna do Xastre. Feita em pedra e madeira, é um sítio acolhedor, onde se podem comer excelentes petiscos, ler um livro (é uma Zona Oficial de BookCrossing!), ou beber um copo numa das esplanadas, se o tempo a isso convidar. Numa das vezes que lá estive, vi grifos e abutres negros a voar na encosta em frente, e conheço quem já tenha visto veados e javalis. Mas mesmo sem observações destas, a paisagem vale o tempo passado cá fora, sobretudo agora, que as cores do Outono tornam tudo ainda mais bonito.
* * *
The drawing didn't turn out very good. It was windy and hot and the only coloured pencils at hand were those of the girls, but it turned out it was a really bad quality set, hard and with very little pigment (I have to remember to replace and put them aside). But this place is so lovely that I decided to write about it anyway. If you ever drive near Bragança, make sure to catch the road towards the border with Spain at Portelo. Just outside of a small village named Rabal, on a slope surrounded by vineyards, you'll find the Xastre Tavern. It is built of stone and wood and here we can have excellent food, read a book (it is an Official BookCrossing Zone!) or drink something outside, if the weather is good. I've seen Griffon and Black Vultures flying above the hills just in front and I know other people who've seen Red Deer and Wild Boar. But even without such observations, the scenery is well worth the time spent outside, especially now, since Autumn makes everything look even more lovely.
Tuesday, October 6, 2009
Pilriteiro / Common Hawthorn
Mais uma "planta no Outono", desta feita o pilriteiro (Crataegus monogyna), uma valiosa planta medicinal. É usada principalmente no tratamento de problemas cardíacos e circulatórios, tirando partido da presença, no fruto, de bioflavenóides, que são igualmente poderosos anti-oxidantes. Apesar de não serem saborosas em cru, as suas bagas podem ser usadas para fazer compotas e conservas, assim como pão, depois de secas, moidas e misturadas com farinha. Também se faz chá a partir das suas folhas. Nunca tentei nenhuma destas receitas, mas estou tentada a experimentar a compota.
Em baixo está uma fotografia de um pilriteiro, tirada mesmo à porta de casa. Esta planta é tão bonita na Primavera, quando fica coberta de pequenas flores brancas, como agora no Outono.
Como já devem ter percebido, o Outono é uma das minhas estações do ano preferidas (a outra é a Primavera). E não sendodo tipo madrugador (gosto mesmo é de trabalhar pela noite fora), nesta época do ano até consigo ver um belo nascer do sol sem demasiado esforço. Ao fundo está a fotografia de um deles, tirada da janela da cozinha, enquanto preparava o pequeno almoço.
Um bom Outono para todos!
Another "plants in autumn" sketch, this time of a Common Hawthorn (Crataegus monogyna), an extremely valuable medicinal plant. It is used mainly for treating disorders of the heart and circulation system. This effect is due to the presence of bioflavonoids in the fruit, which are also strongly antioxidant. Although not very appetizing raw, it can be used used for making jams and preserves and the fruit can be dried, ground, mixed with flour and used for making bread. A tea can also be made from the dried leaves. I never tried any of these, but I'm inclined to try the jam.
Below is a picture of a Common Hawthorn taken in front of our house. It looks as pretty in spring, covered with white flowers, as it does now in autumn, full of tiny red fruits.
As you've probably guessed, I love this time of the year. Not being an early bird at all (I prefer to work at night), this is the season when I'm able to watch a good sunrise without too much effort... Here's one, the picture was taken from our kitchen's window while preparing breakfast:
Happy autumn, everyone!
Em baixo está uma fotografia de um pilriteiro, tirada mesmo à porta de casa. Esta planta é tão bonita na Primavera, quando fica coberta de pequenas flores brancas, como agora no Outono.
Como já devem ter percebido, o Outono é uma das minhas estações do ano preferidas (a outra é a Primavera). E não sendodo tipo madrugador (gosto mesmo é de trabalhar pela noite fora), nesta época do ano até consigo ver um belo nascer do sol sem demasiado esforço. Ao fundo está a fotografia de um deles, tirada da janela da cozinha, enquanto preparava o pequeno almoço.
Um bom Outono para todos!
Another "plants in autumn" sketch, this time of a Common Hawthorn (Crataegus monogyna), an extremely valuable medicinal plant. It is used mainly for treating disorders of the heart and circulation system. This effect is due to the presence of bioflavonoids in the fruit, which are also strongly antioxidant. Although not very appetizing raw, it can be used used for making jams and preserves and the fruit can be dried, ground, mixed with flour and used for making bread. A tea can also be made from the dried leaves. I never tried any of these, but I'm inclined to try the jam.
Below is a picture of a Common Hawthorn taken in front of our house. It looks as pretty in spring, covered with white flowers, as it does now in autumn, full of tiny red fruits.
As you've probably guessed, I love this time of the year. Not being an early bird at all (I prefer to work at night), this is the season when I'm able to watch a good sunrise without too much effort... Here's one, the picture was taken from our kitchen's window while preparing breakfast:
Happy autumn, everyone!
Sunday, October 4, 2009
Autumn sketching
Acabei de iniciar um novo caderno de desenhos (sabe tão bem começar um novo caderno de desenhos) e que melhor maneira de o fazer, do que com desenhos de plantas, no Outono, quando o tempo está perfeito para estar no campo - nem demasiadamente quente, nem demasiadamente frio? Ultimamente tenho mesmo estado em maré de plantas, pois comecei a acompanhar um amigo botânico nas suas aulas de campo. Se também gostam de plantas, podem visitar o seu blog - Das Plantas e das Pessoas - que não se vão arrepender. Tendo estudado zoologia, sempre quis saber mais sobre plantas e agora que as miúdas já estão suficientemente grandes para não perturbar demasiado uma aula de "crescidos", é a altura perfeita para o fazer (a verdade é que até gostaram muito).
O desenho lá de cima é de uma azinheira (Quercus ilex), feito com lápis de cor e caneta preta à prova de água. Em baixo, a M. aprende a distinguir as folhas de azinheira das do sobreiro (Quercus suber), uma tarefa nem sempre fácil, ao contrário do que poderia parecer à primeira vista, dada a grande variação dentro da mesma espécie, e mesmo entre as folhas de uma mesma árvore (dica: virem as folhas ao contrário e reparem nas nervuras secundárias: no sobreiro, elas prolongam-se mesmo até à margem da folha, parecendo continuar pelos dentes, quando estes existem; na azinheira, as nervuras desvanecem-se antes de atingirem a margem).
I've just started a new sketchbook (I love starting a new sketchbook) and what a better way to do it than drawing plants in autumn, when the weather is perfect to go outside - not too hot and not too cool? I've been in "plant mood" lately, as I've started to join a botanist friend in his field classes. If you like plants too, and you can read Portuguese, his own blog is surely worth a visit. Check t out at Das Plantas e das Pessoas. Having studied zoology, I've always wanted to learn more about plants and my kids are finally big enough to do something like this with me without disturbing someone else's class too much (the truth is they enjoyed it a a great deal).
The drawing above is of a Holm Oak (Quercus ilex), done with coloured pencils and outlined with a black waterproof pen. Below the drawing is a picture of M., learning how to tell the difference between Holm Oak and Cork Oak (Quercus suber) leaves - not as easy as it might seem, since there is so much variation within the same species and even within the leaves of a same tree! (tip: look at the inferior side of the leaves: the secondary nerves of those of the Cork Oak grow until the margin of the leave; those of the Holm Oak get fainter and disappear before reaching the margin).
O desenho lá de cima é de uma azinheira (Quercus ilex), feito com lápis de cor e caneta preta à prova de água. Em baixo, a M. aprende a distinguir as folhas de azinheira das do sobreiro (Quercus suber), uma tarefa nem sempre fácil, ao contrário do que poderia parecer à primeira vista, dada a grande variação dentro da mesma espécie, e mesmo entre as folhas de uma mesma árvore (dica: virem as folhas ao contrário e reparem nas nervuras secundárias: no sobreiro, elas prolongam-se mesmo até à margem da folha, parecendo continuar pelos dentes, quando estes existem; na azinheira, as nervuras desvanecem-se antes de atingirem a margem).
I've just started a new sketchbook (I love starting a new sketchbook) and what a better way to do it than drawing plants in autumn, when the weather is perfect to go outside - not too hot and not too cool? I've been in "plant mood" lately, as I've started to join a botanist friend in his field classes. If you like plants too, and you can read Portuguese, his own blog is surely worth a visit. Check t out at Das Plantas e das Pessoas. Having studied zoology, I've always wanted to learn more about plants and my kids are finally big enough to do something like this with me without disturbing someone else's class too much (the truth is they enjoyed it a a great deal).
The drawing above is of a Holm Oak (Quercus ilex), done with coloured pencils and outlined with a black waterproof pen. Below the drawing is a picture of M., learning how to tell the difference between Holm Oak and Cork Oak (Quercus suber) leaves - not as easy as it might seem, since there is so much variation within the same species and even within the leaves of a same tree! (tip: look at the inferior side of the leaves: the secondary nerves of those of the Cork Oak grow until the margin of the leave; those of the Holm Oak get fainter and disappear before reaching the margin).
Friday, September 18, 2009
Sketches from the sea
De volta das férias, aqui ficam duas páginas do meu caderno com alguns desenhos de coisas encontradas na praia (e também uma das coisas propriamente ditas). Divertimo-nos bastante a tentar identificar tudo, embora nem sempre tenhamos tido sucesso...
* * *
Back from holidays, here are two pages from my sketcbook with a few sketches of things found by the seashore (plus one of the things itself). We had lots of fun trying to identify everything, though we haven't always been successful...
Tuesday, July 21, 2009
Outdoor Hour Challenge: Crop Plants #2 Beans / Seed Germination
O tema desta semana do desafio semanal da Barbara, do blog Handbook of Nature Study sob o tema "plantas cultivadas" é o feijão / germinação de sementes.
Todas as Primaveras semeamos feijões na nossa horta (imagem em cima), e começámos já a colher os primeiros feijões verdes, que comemos em saladas (cozidos, e depois de arrefecidos, regados com azeite e alho picadinho), em sopa, ou - os meus preferidos - como peixinhos-da-horta: cozidos, passados por uma mistura de ovo, farinha e água e fritos em óleo (já agora, se tiverem outras receitas e não se importarem de partilhar, agradeço).
Todos os anos também, eu e as miúdas escolhemos algumas variedades de feijão, e colocamo-los em frascos com algodão embebido em água, para os vermos germinar. Este ano, a M. fê-lo sozinha há já vários dias atrás e quando surgiu o desafio, tinhamos acabado de transferir os feijoeiros, que entretanto ficaram enormes, para o jardim. De qualquer maneira, ela e a C. ficaram encantadas com a ideia de voltar a fazer tudo de novo. Desta vez, procurámos todas as variedades que tínhamos em casa (algumas compradas, outras guardadas da colheita do ano passado, e outras oferecidas). Descobrimos que tínhamos 12 variedades diferentes (!!) incluindo vários tipos de Phaseolus vulgaris (vermelhos, brancos, pretos, catarino...) e também feijões de soja (Glycine max), e três espécies diferentes de feijões pequenos, pertencentes a um género distinto (Vigna): feijão Azuki (Vigna angularis), Feijão-frade (Vigna unguiculata) e feijão-da-China (Vigna radiata). Até aqui, apenas tínhamos germinado Phaseolus, por isso desta vez escolhemos apenas duas variedades destes, e depois usámos os outros quatro. Vamos ver o que acontece, como estes quatro foram todos comprados para comer, e não para semear, não tenho a certeza se teremos grande sucesso. A ver vamos!
Left to right, top to bottom: Mung beans, white beans, Soy beans, black beans, Black-Eyed Cowpeas and Azuki beans
This week's Outdoor Hour Challenge from Barbara's Handbook of Nature Study blog under the theme "crop plants" is the bean / seed germination.
Every spring, we sow some varieties of beans in our vegetable garden (image above). We have just begun to harvest the first fresh green ones, which we have been eating in salads (boiled with salt, cooled and seasoned with olive oil and finely chopped garlic), soups or - my favourite - a recipe I don't know what to call in English, the direct translation would be something like "fish from the vegetable garden" which are basically green bean fritters : boiled with salt until crisp-tender and then dipped into a flour/egg/water mixture and fried in hot oil until golden brown (and since we're here, if you have any favourite recipes that you don't mind sharing, I'd like to hear about them).
Every year too, the girls and I choose some bean varities and dip them into cotton balls soaked with water to watch them germinate. This year, M. already did it several days ago and when the challenge was published, we had just transfered her already enourmous plants to the garden. But she and C. were delighted to do it again. This time, we looked for all the varieties we had at home (some purchased, some saved from last year's crop, others offered by friends). We found out we had 12 different varieties (!!) including several types of Phaseolus vulgaris (white, black, mottled, red...) and also soy beans (Glycine max), and three different species of small beans from another genera (Vigna): Azuki beans (Vigna angularis), Black-Eyed Cowpeas (Vigna unguiculata) and Mung beans (Vigna radiata). So far, we have only germinated Phaseolus beans, so this time we picked just 2 varieties of these, and then we soaked all the other four. Let's seewhat happens, all four were bought for cooking, not for sowing, so I'm not so sure we'll be successful. We'll see!
Thursday, July 16, 2009
Outdoor Hour Challenge: Crop Plants #1-Clover
Já há algum tempo que visito regularmente o blog Handbook of Nature Study mas até agora ainda não tinha participado em nenhum dos desafios semanais da Barbara. Pois não é tarde nem é cedo. Ela está a dar início a uma nova série de desafios sob o tema "plantas de cultivo" e a planta desta semana é o trevo. Não podia ter vindo mais a propósito, pois temos andado precisamente a falar sobre esta planta cá em casa, a propósito de um post publicado no Das Plantas e das Pessoas, um blog que aconselho a todos os que se interessam pela botânica.
Depois de ler as páginas dedicadas ao trevo no The Handbook of Nature Study, que pode ser descarregado aqui e do qual já falei num post anterior, aproveitámos um momento passado no jardim, onde temos bastante trevo, para fazer algumas observações ao vivo. Em Portugal existem várias dezenas de espécies do género Trifolium, mas a que possuímos em maior abundância no jardim é o Trevo-branco, ou Trifolim repens. Em tempos também tivémos o lindíssimo Trevo-morango (Trifolium fragiferum), mas tem vindo a desaparecer e nesta altura não encontrámos nenhum em flor. Fotografámos as flores brancas do primeiro, que vimos serem visitadas pelas abelhas, embora não as tenhamos apanhado na imagem, assim como outras já com aspecto mais seco e flores inflectidas em direcção ao solo, o que significa terem já sido polinizadas. Com efeito, desfizémos algumas destas flores e as sementes lá estavam, as mais verdes ainda amareladas, outras mais secas de cor acastanhada.
Depois, desenraizámos uma planta e descobrimos um minúsculo nódulo na sua raiz. "Cada nódulo é um ninho repleto de seres vivos, tão pequenos que seriam necessários 25.000 deles colocados lado a lado para perfazer uma polegada; desta forma, mesmo um nódulo minúsculo pode conter muitos destes pequeníssimos organismos, que se chamam bactérias." "As raízes do trevo proporcionam às bactérias abrigos e um local para crescerem, e em troca, estas são capazes de extrair um fertilizante químico muito valioso do ar, e modificar a sua forma de maneira a que os trevos consigam absorvê-la. O nome desta substância é azoto (...)" "Depois de o trevo ser colhido, as raízes permanecem no solo, os seus pequenos armazéns repletos desta preciosa substância de que o solo se torna herdeiro." (excerto de A Handbook of Nature Study)
As crianças ficaram maravilhadas quando lhes contei (em menos palavras) esta história e depois observámos outra planta que cresce no jardim juntamente com o trevo e que lhe é aparentada, a alfafa (Medicago sativa). Mais abaixo fica uma fotografia das suas bonitas flores de cor púrpura, e alguns dos desenhos que fizémos nos nossos cadernos de campo. E para terminar, uma poesia de Emily Dickinson (1830–86), que fala de trevos e de abelhas.
I've been following Barbara's Handbook of Nature Study blog for quite a while now, but so far I've never participated in any of her weekly challenges. So this is it. She's starting a new series of Outdoor Hour Challenges under the theme "crop plants" and this week's focus is on clover. It couldn't have been more appropriate, for we've been precisely discussing this plant during the past week, after reading a post about it on Das Plantas e das Pessoas, a blog I recommend to everyone who likes plants (it's in Portuguese only).
After reading the pages dedicated to the clover on The Handbook of Nature Study, which can be downloaded here and about which I've posted before, we looked more carefully at the real plant during an afternoon spent in the garden, where we have plenty of them. In our country there are several tens of Trifolium species, but the one we have in our garden is the White clover (Trifolium repens). We used to have the beautiful Strawberry clover (Trifolium fragiferum) as well, but it has become scarcer and scarcer over the years and at this time we couldn't find any of it in bloom. So we took pictures of the White clover, we saw it's white flowers being visited by several bees (though we couldn't catch them with the camera) and we also saw many dry brown flowers turned towards the ground instead of upwards, a sign that polination has already occurred. We opened some of them and there they were, the tiny seed, some yellow, some brown. Then we dug up a plant and we saw a tiny nodule on its root. "Each nodule is a nestful of livingbeings, so small that it would take twenty-five thousand of them end to end to reach an inch; therefore, even a little swelling can hold many of these minute organisms, which are called bacteria." "The clover roots give the bacteria homes and place to grow, and in return these are able to extract a very valuable chemical fertilizer from the air, and to change its form so that clovers can absorb it. The name of this substance is nitrogen (...)" "After the clover crop is harvested, the roots remain in the ground, their little storehouses filled with this precious substance, and the soil falls heir to it." (from A Handbook of Nature Study)
The girls were amazed when I told them this story (in fewer words...) and then we looked at another plant that we have growing together with the clovers, a relative actually, which is also mentioned in the Handbook of Nature Study: the alfalfa (Medicago sativa). Above there's a picture of its beautiful purple flowers.
And below, some of the drawings M. and I made in our notebooks.
Depois de ler as páginas dedicadas ao trevo no The Handbook of Nature Study, que pode ser descarregado aqui e do qual já falei num post anterior, aproveitámos um momento passado no jardim, onde temos bastante trevo, para fazer algumas observações ao vivo. Em Portugal existem várias dezenas de espécies do género Trifolium, mas a que possuímos em maior abundância no jardim é o Trevo-branco, ou Trifolim repens. Em tempos também tivémos o lindíssimo Trevo-morango (Trifolium fragiferum), mas tem vindo a desaparecer e nesta altura não encontrámos nenhum em flor. Fotografámos as flores brancas do primeiro, que vimos serem visitadas pelas abelhas, embora não as tenhamos apanhado na imagem, assim como outras já com aspecto mais seco e flores inflectidas em direcção ao solo, o que significa terem já sido polinizadas. Com efeito, desfizémos algumas destas flores e as sementes lá estavam, as mais verdes ainda amareladas, outras mais secas de cor acastanhada.
Depois, desenraizámos uma planta e descobrimos um minúsculo nódulo na sua raiz. "Cada nódulo é um ninho repleto de seres vivos, tão pequenos que seriam necessários 25.000 deles colocados lado a lado para perfazer uma polegada; desta forma, mesmo um nódulo minúsculo pode conter muitos destes pequeníssimos organismos, que se chamam bactérias." "As raízes do trevo proporcionam às bactérias abrigos e um local para crescerem, e em troca, estas são capazes de extrair um fertilizante químico muito valioso do ar, e modificar a sua forma de maneira a que os trevos consigam absorvê-la. O nome desta substância é azoto (...)" "Depois de o trevo ser colhido, as raízes permanecem no solo, os seus pequenos armazéns repletos desta preciosa substância de que o solo se torna herdeiro." (excerto de A Handbook of Nature Study)
As crianças ficaram maravilhadas quando lhes contei (em menos palavras) esta história e depois observámos outra planta que cresce no jardim juntamente com o trevo e que lhe é aparentada, a alfafa (Medicago sativa). Mais abaixo fica uma fotografia das suas bonitas flores de cor púrpura, e alguns dos desenhos que fizémos nos nossos cadernos de campo. E para terminar, uma poesia de Emily Dickinson (1830–86), que fala de trevos e de abelhas.
Para fazer uma campina
Basta um só trevo e uma abelha.
Trevo, abelha e fantasia.
Ou apenas fantasia
Faltando a abelha
I've been following Barbara's Handbook of Nature Study blog for quite a while now, but so far I've never participated in any of her weekly challenges. So this is it. She's starting a new series of Outdoor Hour Challenges under the theme "crop plants" and this week's focus is on clover. It couldn't have been more appropriate, for we've been precisely discussing this plant during the past week, after reading a post about it on Das Plantas e das Pessoas, a blog I recommend to everyone who likes plants (it's in Portuguese only).
After reading the pages dedicated to the clover on The Handbook of Nature Study, which can be downloaded here and about which I've posted before, we looked more carefully at the real plant during an afternoon spent in the garden, where we have plenty of them. In our country there are several tens of Trifolium species, but the one we have in our garden is the White clover (Trifolium repens). We used to have the beautiful Strawberry clover (Trifolium fragiferum) as well, but it has become scarcer and scarcer over the years and at this time we couldn't find any of it in bloom. So we took pictures of the White clover, we saw it's white flowers being visited by several bees (though we couldn't catch them with the camera) and we also saw many dry brown flowers turned towards the ground instead of upwards, a sign that polination has already occurred. We opened some of them and there they were, the tiny seed, some yellow, some brown. Then we dug up a plant and we saw a tiny nodule on its root. "Each nodule is a nestful of livingbeings, so small that it would take twenty-five thousand of them end to end to reach an inch; therefore, even a little swelling can hold many of these minute organisms, which are called bacteria." "The clover roots give the bacteria homes and place to grow, and in return these are able to extract a very valuable chemical fertilizer from the air, and to change its form so that clovers can absorb it. The name of this substance is nitrogen (...)" "After the clover crop is harvested, the roots remain in the ground, their little storehouses filled with this precious substance, and the soil falls heir to it." (from A Handbook of Nature Study)
The girls were amazed when I told them this story (in fewer words...) and then we looked at another plant that we have growing together with the clovers, a relative actually, which is also mentioned in the Handbook of Nature Study: the alfalfa (Medicago sativa). Above there's a picture of its beautiful purple flowers.
And below, some of the drawings M. and I made in our notebooks.
My notebook drwings. I'm not sure whether the leaves on the left belong to another species, ot to T. repens as well (maybe the ecotype adapted to more humid soils mentioned at Das Plantas e das Pessoas)
Drawings by M. (7 yo)
And what a better way to finish, than with a beautiful poem by Emily Dickinson (1830–86), which precisely talks about clovers and bees?
And what a better way to finish, than with a beautiful poem by Emily Dickinson (1830–86), which precisely talks about clovers and bees?
To make a prairie it takes a clover and one bee,
One clover, and a bee,
And revery.
The revery alone will do
If bees are few.
One clover, and a bee,
And revery.
The revery alone will do
If bees are few.
Wednesday, July 1, 2009
Golden-striped Salamander
Há algum tempo atrás, eu, o L. e dois amigos nossos estávamos a conversar sobre o facto de ainda haver um longo caminho a percorrer até que o nosso país desenvolva uma opinião pública forte relativamente às questões da conservação da natureza. Concordámos que algum progresso tem sido feito durante os anos mais recentes mas que na maior parte dos casos, o conhecimento geral sobre estes assuntos é muito superficial e facilmente manipulado pela comunicação social (cujo conhecimento parece ser ainda mais superficial, a maioria das vezes...) E em alguns casos, boas pessoas, cheias das melhores intenções, acabam por fazer ainda pior do que se não tivessem feito nada. Basicamente, não se pode gostar e ajudar aquilo que não se conhece e em Portugal, a maior parte das pessoas não conhece aquilo que tem. Rimo-nos (mas não de alegria...) quando um dos nossos amigos nos contou uma apresentação "PowerPoint" que fez na escola primária da sua filha acerca da vida selvagem em Portugal. Mostrou imagens lindíssimas de algumas das nossas plantas e animais e descreveu-nos o olhar maravilhado das crianças - e das professoras. "Temos mesmo estas espécies no nosso país?", perguntou uma delas, incrédula. Não deixa de ser estranho como todos conhecem e ensinam acerca do elefante africano, das zebras, etc., mas tão poucos ouviram falar do lobo ibérico, do corço, da águia-real, dos abutres ou mesmo da aparentemente mais modesta salamandra-lusitânica. Apenas aparentemente, atenção. É que a Chioglossa lusitanica, nome científico pelo qual se designa, é uma espécie ameaçada, endémica do noroeste da Península Ibérica (o que significa que, em todo o mundo, este é o único local onde habita). A que vêem lá em cima, pintei-a com acrílicos sobre papel de aguarela. Espero que vos inspire a descobrir um pouco mais sobre a nossa fauna e flora!
* * *
A few days ago my husband and I plus two friends were discussing the fact that there's still a long way to go before our country develops a strong public opinion regarding nature conservation issues. We agreed that some progress has been made in the last years, but mostly, people's knowlege is too superficial and easily led by the media (whose knowledge seems to be even more superficial, most times...). And in some cases, good people full of good intentions, end up doing even worse than if they had stayed put. The basic idea is that you can't love and defend what you don't know and in Portugal, most people don't really know what they have. We laughed (not of joy, though...) when one of our friends told us about a talk he gave at his daughter's primary school about Portugal's wildlife. He made a PowerPoint presentation with great photographs of some of our native plant and animal species and told us how amazed the children - and the teachers were. "Do we really have these species in our country?", one of them asked in awe. It's weird how they all know and teach about the African elephants, zebras and the like, but only a few have heard of the Iberian wolf, the Roe deer, the Golden Eagle, the Griffon Vultures or even the apparently more modest Golden-stripped salamander. But only apparently. The golden-striped salamander (Chioglossa lusitanica) is a threatened endemic species inhabiting stream-side habitats in mountainous areas in the northwestern Iberian Peninsula, meaning that this is the only place in the world where it can be found. I painted the one up there with acrylic paints on watercolour paper. I hope it inspires you to find out a bit more about our native fauna and flora!
Thursday, June 18, 2009
Cantabrian Mountains
Este é um esboço rápido de uma pequena aldeia escondida (mesmo!) na vertente Sul da Cordilheira Cantábrica, uma terra de bosques de carvalhos e bétulas, de ursos e de corços. Foi o nosso primeiro acampamento com as miúdas, muito curto, e ainda há que melhorar a capacidade de caminhar delas - cansam-se ao fim de pouco tempo e só pensavam em voltar para a tenda e para os gatos que viviam no parque de campismo - as verdadeiras estrelas da viagem, do ponto de vista delas, quer-me parecer! Ainda assim, foi uma bela estadia, não vimos nenhum urso, mas vimos vários corços e alguns veados, aves, borboletas, tritões, e até... muitas vacas por sua própria conta nas pastagens de altitude, uma das quais ficou realmente interessada no nosso telescópio!
This is a quick sketch of a small village hidden (really!) in the southern slopes of the Spanish Cantabrian Mountains, a land of oak and birch woods, Brown Bears and Roe deer. It was our first camping trip with our daughters. It was a short stay (only a couple of nights) and we still have to work on their trekking ability - they get tired very quickly and were always wanting to go back to the tent and the cats that lived in the camping - the true stars of the whole thing for them, it seems to me! All in all, it was a great holiday, we did not see any bear, but we watched several roe deers, a few red deers, birds, butterflies, newts and even... many free ranging cows, one of which got really interested in our telescope!
This is a quick sketch of a small village hidden (really!) in the southern slopes of the Spanish Cantabrian Mountains, a land of oak and birch woods, Brown Bears and Roe deer. It was our first camping trip with our daughters. It was a short stay (only a couple of nights) and we still have to work on their trekking ability - they get tired very quickly and were always wanting to go back to the tent and the cats that lived in the camping - the true stars of the whole thing for them, it seems to me! All in all, it was a great holiday, we did not see any bear, but we watched several roe deers, a few red deers, birds, butterflies, newts and even... many free ranging cows, one of which got really interested in our telescope!
Tuesday, June 9, 2009
Ocellated lizard
Todas as sextas-feiras, faço de conta que não tenho nada que fazer e vou com as minhas filhas a uma oficina de escultura. A oficina é para crianças, mas como a mais pequena ainda não tinha a idade mínima para a poder inscrever, disseram-me que o poderia fazer se fosse também com ela. Melhor desculpa não podia eu ter arranjado... Evidentemente, passo o meu tempo a ajudá-las às duas, e não estou a fazer nada meu, mas ainda assim, estou a aprender imenso! E já tenho a cabeça cheia de ideias de coisas maravilhosas que poderia fazer com arame, papel e uma série de outros materiais. O que não deixa de ser engraçado, porque nunca me interessei por escultura nem pensei sequer em experimentar, pois sempre parti do princípio que não tinha jeito nem interesse pelo assunto. Entretanto, tenho-me divertido a valer a ajudar a mais velha com o seu sardão. Ainda está no princípio (faltam-lhe as patas da frente, o revestimento com papel, a pintura...) mas já gosto muito dele.
* * *
Every Friday afternoon, I pretend I have nothing to do and I go with my two daughters to a great sculpture workshop. It is a workshop for children, but since my younger one is too small to attend on her own, I was told I had to be there with her. What better excuse could I have found? Of course I spend my time helping the girls and not doing anything of my own, but the truth is I am learning a lot! My head is already full of ideas of great things I could do with wire, paper and an array of other materials. Which is really funny, for I never even thougt of giving sculpture a try, I've just always assumed it was not my thing. But meanwhile, I'm just having lots of fun helping my oldest daughter with her amazing ocellated lizard. It's still in the beginning (the front legs are missing, as well as the paper "coat", the painting...) but I already love it!
Tuesday, May 26, 2009
New books in the mail
Depois de consultar uma série de colegas, de folhear livros emprestados e de fazer buscas na internet, acabámos, finalmente, por escolher e encomendar um guia de campo de identificação de libelinhas e um atlas da flora espanhola (que serve para a maioria das plantas de Portugal). Chegaram ambos esta semana pelo correio.
O guia de libelinhas possui fotografias e ilustrações de grande qualidade, não só dos animais completos (machos, fêmeas, juvenis e variações em cada um, sempre que relevante), como de pequenos pormenores anatómicos, sempre que sejam importantes para distinguir as espécies. É um mundo fascinante, de insuspeitável variedade e complexidade, eu diria que muito mais que o das borboletas, que ultimamente têm ocupado os nossos dias...
O atlas da flora é um mundo, em dois volumes de mais de 700 páginas cada um... Está muito bem feito, com chaves dicotómicas que permitem identificar famílias e espécies, mas não é tão bonito como o das libelinhas, pois é ilustrado maioritariamente com fotografia, limitando-se as ilustrações a pequenos detalhes importantes para a distinção de certas espécies. E neste campo, já se sabe, eu sou um tanto tendenciosa! Seja como for, neste caso, o lado prático da questão é o mais importante, e o objectivo primeiro é o de conseguir melhorar os meus conhecimentos botânicos e identificar correctamente as espécies que me vão despertando a curiosidade. Vamos ver como me saio! Quem sabe um dia, retomo uma ideia antiga que em tempos discuti com um amigo botânico, de fazermos um guia da flora desta região, com textos dele e ilustrações minhas (como se não tivesse já o suficiente que fazer...)
ATLAS CLASIFICATORIO DE LA FLORA DE ESPAÑA PENINSULAR Y BALEAR. VOL. I
ATLAS CLASIFICATORIO DE LA FLORA DE ESPAÑA PENINSULAR Y BALEAR. VOLUMEN II
ATLAS CLASIFICATORIO DE LA FLORA DE ESPAÑA PENINSULAR Y BALEAR. VOLUMEN II
Olhando para os livros que acabam de chegar e vendo a paisagem através da janela, sinto-me cheia de sorte por viver aqui – um dos últimos “hotspots” de biodiversidade da Europa, que de alguma forma tem conseguido sobreviver, apesar de todas as auto-estradas, parques eólicos, barragens e TGVs. Se ao menos um maior número de nós (políticos incluídos) tivesse consciência da incrível riqueza daquilo que ainda possuímos...
After consulting with several colleagues, browsing through borrowed books and searching the web, we've finally chose and ordered a field guide to dragonflies and an atlas of the Iberian flora. Both arrived this week!
The dragonflies field guide has photographs and high quality illustrations, not just of the whole animals (males, females, juveniles and individual variations whenever relevant), as well as little anatomical details, whenever they are important to allow identification. It is a fascinating world of unsuspected diversity and complexity – I would say much more than that of butterflies, which have been filling our days lately..
The atlas of flora is a whole world inside two volumes of more than 700 pages each... It is a great work with keys that allow the identification of plant families and species but not as pretty as the dragonfly guide, for most of the pictures are photographs and illustrations resume to small black and white details needed to identify some of the species. And in this field, you know, I always prefer if everything is illustrated! Anyway, the practical side of the matter is what counts here and I believe this is the closest thing I can get to a thorough identification guide. Let's see how I manage to improve my botanical knowledge and my identification skills! Who knows one day I'll pick up an old idea once discussed with a botanist friend of creating a plant guide of our region, written by him and illustrated by me (as if I haven't enough to do already...)
All in all, looking at these books that have just arrived and looking outside through my window, I feel really lucky to live in one of the last of Europe's biodiversity hotspots that somehow manages to strive despite all the highways, windfarms, dams and high speed trains that lurk in the horizon. If only a larger part of us (politicians included) was aware of the incredible richness we still have...
Monday, May 11, 2009
Ai que prazer / Ah, how delightful
O trabalho ainda é muito, mas pelo menos abrandou o suficiente para nos permitir usufruir de um fim de semana inteirinho sem qualquer espécie de trabalho e sem problemas de consciência de maior. Houve tempo para dois passeios pelo campo, um deles com piquenique, visitas de amigos e até um pouco de trabalho na horta.
Como calculam, houve identificação de borboletas, muito suor à volta de plantas irritantemente comuns mas difíceis de identificar e até uns rabiscos (a propósito das plantas, se alguém conhecer um bom guia de flores da Península Ibérica , aplicável às zonas interiores e não apenas às costas e ilhas, por favor, avise-me). Mas só um bocadinho, porque me estava a saber tão bem o simples acto de não fazer mais nada a não ser olhar para as miúdas a correrem pelos lameiros fora, deitar-me na erva fresca e olhar para cima, para o céu por entre os ramos verdes das árvores – há lá coisa melhor?... De repente, vieram-me à cabeça as palavras de um poema de Fernando Pessoa (coisa bem menos usual em mim, que não sou apreciadora de poesia, do que um fim de semana sem trabalho). Ele aqui fica:
LIBERDADE
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O Sol doira
Sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor quando há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do Mundo são as crianças,
Flores música, o luar, e o Sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
P.S. O desenho grosseiro, feito com uma caneta à prova de água demasiado grossa (estava com demasiada preguiça para procurar uma mais fina) é de uma das plantas que não conseguimos identificar. As borboletas foram identificadas com a ajuda do excelente guia “Borboletas de Portugal”, editado por E. Maravalhas e disponível no Tagis (da esquerda para a direita: Lycaena phlaeas e Issoria lathonia)
Work is still heavy, but at least it has slowed down enough for us to be able to enjoy a proper weekend without major self recrimination – this weekend there was absolutely no work at all – yay! There was time for two walks, one of them including a picnic, visits from friends and a bit of work in the vegetable garden.
As you're probably guessing, there was time for butterflies identification, lots of struggling with flowers identification (anyone with a good suggestion of a field guide for inland Iberia, please come forward) and even a bit of drawing. But just a tiny little bit of each, because I was so enjoying the act of doing nothing but looking at the kids running across the green fields, lying in the grass and looking up at the sky through the green branches of the trees (is there something better in the world than that?)... Suddenly, the words from a poem by Fernando Pessoa came to my mind (something even more unusual for me, not being a poetry lover, than being able to enjoy a proper weekend...):
LIBERTY
Ah, how delightful
Not to do one's duty,
Having a book to read
And not read it!
Reading's a bore,
Studying's worthless.
The sun gilds things
Without literature.
Willy nilly runs the rivers
Without an original edition.
And the breeze, this very one,
So natural, matutinal,
Since it has time, its in no hurry...
Books are papers daubed with ink.
Study's the thing where the distinction
Is unclear between nothing and nothing at all.
When there's fog, so much the better
To wait for King Sebastian's return -
Whether he comes or not!
Poetry is grand, and goodness too, and dancing...
But best of all are children,
Flowers, music, moonlight, and the sun
That sins only when aborting and not bearing.
And more than all of this
Is Jesus Christ
Who knew nothing of finances
Nor even claimed he had a library...
Ah, how delightful
Not to do one's duty,
Having a book to read
And not read it!
Reading's a bore,
Studying's worthless.
The sun gilds things
Without literature.
Willy nilly runs the rivers
Without an original edition.
And the breeze, this very one,
So natural, matutinal,
Since it has time, its in no hurry...
Books are papers daubed with ink.
Study's the thing where the distinction
Is unclear between nothing and nothing at all.
When there's fog, so much the better
To wait for King Sebastian's return -
Whether he comes or not!
Poetry is grand, and goodness too, and dancing...
But best of all are children,
Flowers, music, moonlight, and the sun
That sins only when aborting and not bearing.
And more than all of this
Is Jesus Christ
Who knew nothing of finances
Nor even claimed he had a library...
P.S. The coarse drawing, done with a waterproof pen too thick in my notebook (I was too lazy to reach for the finer one) is of one of the plants we were not able to identify. The butterflies were identified with the help of the great guide “Borboletas de Portugal”, edited by E. Maravalhas and available at Tagis. (left to right: Lycaena phlaeas and Issoria lathonia)
Tuesday, May 5, 2009
Olhão - um património a descobrir
Se estiveram na semana passada na EXPOMAR, em Olhão (6º Feira do Mar e das Actividades Náuticas), com certeza que não deixaram de ver a exposição de Ilustração Científica dedicada ao património natural do concelho de Olhão. A exposição incluiu 32 trabalhos feitos ao longo dos últimos anos pelo meu amigo Fernando Correia. Para quem não pôde estar lá, aqui fica uma amostra dos seus trabalhos. Quem quiser conhecer mais, pode sempre comprar o livro do Fernando "Olhão - um património a descobrir", uma edição da Câmara Municipal de Olhão.
If you've happened to be in Olhão's EXPOMAR last week (the 6th Fair of the Sea and Nautical Activities), I'm sure you didn't miss the Science Illustration Exhibition dedicated to the natural heritage of this region of the Algarve. The exhibition included 32 illustrations by my friend Fernando Correia. For those who didn't make it, here is a sample of his work. If you want to know more, you can always get his book "Olhão - um património a descobrir", an edition of the Olhão Town Council.
If you've happened to be in Olhão's EXPOMAR last week (the 6th Fair of the Sea and Nautical Activities), I'm sure you didn't miss the Science Illustration Exhibition dedicated to the natural heritage of this region of the Algarve. The exhibition included 32 illustrations by my friend Fernando Correia. For those who didn't make it, here is a sample of his work. If you want to know more, you can always get his book "Olhão - um património a descobrir", an edition of the Olhão Town Council.
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