Sunday, July 28, 2013

Leituras de Fim-de-Semana: A Bolsa ou a Vida / Weekend Reads: Your Money or your Life


cartoon by Cal Grondahl from the book The Network Marketing Game, 1997 by Jon M. Taylor

Conhecem aquela sensação de começar a ler um livro e encontrar imensas coisas que vão exactamente de encontro aquilo que pensamos desde há muito tempo, mas que nunca tínhamos conseguido pôr em palavras? Ou até tínhamos, mais ou menos (tal como eu fiz aqui, a propósito do valor monetário que podemos atribuir ao nosso tempo), mas de uma forma muito mais rudimentar e menos elaborada?

Bom, isto é exactamente o que me está a acontecer com o livro que estou agora a ler - Your Money or Your Life (que não consegui encontrar em português, mas julgo que podíamos traduzir como "A Bolsa ou a Vida"), de Vicki Robin e Joe Dominguez.


O que é curioso é que, se eu tivesse pegado neste livro numa livraria, teria certamente voltado a poisá-lo no expositor depois de uma vista de olhos à capa e não voltaria a pensar mais nele. É que a capa está cheia daquelas frases do tipo "como deixar de ter dívidas e começar a poupar", "reordene as suas prioridades materiais e viva melhor por menos dinheiro", etc. Em suma, um típico livro de auto-ajuda sobre finanças pessoais, que não é um tema que me interesse particularmente.

Mas felizmente, eu já tinha lido acerca deste livro em vários sítios (como por exemplo este aqui) e sabia que é um dos casos em que não se deve julgar o livro pela capa. É que lá dentro discutem-se assuntos bem mais interessantes, tais como os conflitos interiores entre os nossos valores pessoais e o estilo de vida que levamos na prática, ou a avaliação das nossas despesas à luz do nosso "propósito de vida", sendo que este propósito implica mais do que trabalhar para atingir um objectivo (reformar-se aos 50, por exemplo) ou adquirir um bem há muito desejado (digamos, comprar uma casa).

A propósito dos  diferentes tipos de motivações que podem estar na base das nossas acções, gostei muito da fábula dos três pedreiros, que desbastavam um grande bloco de pedra, e que ilustra os três tipos de motivação para o trabalho mais frequentes - trabalhar para atingir um objectivo, trabalhar por atribuição de um significado e dedicação:

Um passeante aproxima-se do primeiro pedreiro e pergunta, "Desculpe, o que é que está a fazer?" O pedreiro responde asperamente, "Não está a ver? Estou a desbastar este pedregulho." Aproximando-se do segundo homem, o nosso curioso passeante faz-lhe a mesma pergunta. Este homem olha-o com um misto de orgulho e resignação e diz, "Bem, estou a ganhar a vida para sustentar a minha mulher e os meus filhos." Passando para o terceiro trabalhador, o passeante pergunta mais uma vez, "E você, o que está a fazer?" O terceiro pedreiro volta-se para o visitante, com o rosto a brilhar, e diz com reverência, "Estou a construir uma catedral!"
Moral da história: o significado que atribuímos a uma acção tem origem no nosso interior e não na acção propriamente dita.

Na minha opinião, é um livro de leitura obrigatória, com excelentes conselhos práticos que nos ajudam a olhar para a forma como gastamos o nosso dinheiro como um reflexo da maneira como vivemos as nossas vidas, avaliar se essa é realmente a forma como as queremos viver, e agir em conformidade. O mais provável é virmos a descobrir que andamos a gastar mais do que julgamos valer a pena em coisas que não trazem valor acrescido às nossas vidas, e se calhar poderíamos gastar mais noutras que nos colocariam num caminho mais directo ao nosso propósito de vida. Acho que ao fazer-nos ver o poder e o valor (do ponto de vista financeiro) de nos livrarmos daquilo que é menos importante nas nossas vidas, este livro se pode considerar uma espécie de guia de finanças pessoais em versão para minimalistas.

Tanto quanto consegui apurar, o livro não está traduzido em português, eu comprei-o na versão inglesa e posso dizer que é de leitura bastante fácil - o inglês é simples, sem floreados e acessível.

Entretanto, já enviei um e-mail a uma editora portuguesa a sugerir que o traduzam - para além deste período me parecer propício à publicação deste tipo de livros, acho que é daqueles que vale a pena divulgar, pois pode, realmente, ajudar a fazer as pessoas adoptarem uma perspectiva diferente em relação ao modo como vêem as suas vidas e tentar mudar para melhor. Não sei se a editora vai dar alguma importância ao meu e-mail, mas acredito no poder dos leitores consumidores. Pouco a pouco, vamos construindo catedrais...

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Do you know the feeling when you start reading a book and find in writing many things you've been thinking to yourself, but some of them you've never been able to put into words before, and others you sort of did put them into words (like I did here regarding the attribution of a price to our time) but that book just takes them to a higher level? Well, this is exactly what is happening to me with Vicki Robin and Joe Dominguez Your Money or Your Life, that I am currently reading.

The funny thing is, if I had picked up this book on a bookstore, I've probably put it down after looking at the cover and not give it a second thought. That's because it boasts about teaching how to get out of debt and develop savings,  reorder material priorities and live well for less, etc. In summary, a typical self-help book about personal finances, something that is not in my immediate range of interests.

Fortunately, I had read about this book before (here, for instance) and knew that it discusses things way more interesting and thought provoking, such as inner conflicts between values and lifestyle and evaluating our expenditures in light of our "life purpose", being that "life purpose" is more than simply achieving a goal (retire by 50, for instance) or acquiring some longed-for possession (e.g. buy a house).

I loved the tale about the three stonecutters, each chipping away at a large block, that illustrates  the three most common kinds of purpose - goal, meaning and dedication:

A passerby approaches the first stonecutter and asks, "Excuse me, what are you doing?" The stonecutter replies rather gruffly, "Can't you see? I'm chipping away at this big hunk of stone." Approaching the second craftsman, our curious person asks the same question. This stonecutter looks up with a mixture of pride and resignation and says, "Why, I'm earning a living to take care of my wife and children." Moving to the third worker, our questioner asks, "And what are you doing?" The third stonecutter looks up, his face shining, and says with reverence, "I'm building a cathedral!"
Moral of the story: the meaning we give to an action comes from within us, not by the action.

Back to the book, it really has great practical advice that helps us look at our spending as a reflection of how we're living our lives, judge whether this is the way we really want to be living them and then, act accordingly. Chances are, we'll find we're spending way more than we think is worth on things that don't bring value to our lives and we're might be spending less on others that would put us in a path more aligned with our life purpose. I guess I could say that by showing us the financial value of getting rid of the things that are less important in our lives, this book is a sort of minimalist version of personal finances. By all means, a must read.

Meanwhile, I sent an e-mail to a Portuguese publisher suggesting they translate it - the crisis period we are going through couldn't be more appropriate. I don't know if the publisher will pay any attention to my suggestion but I believe in the power of readers consumers to change things for the better. Little by little, we can build cathedrals...

Thursday, July 25, 2013

Mais Horta / Vegetable Garden Update

Passadas cerca de três semanas desde o primeiro passeio pela horta, foi muito o que mudou.

Three weeks after the first vegetable garden tour, a great deal has changed.

As alfaces já estão em fim de vida (mas há nova fornada a caminho) e já não precisamos de nos esforçar para distinguir as cenouras por entre as cebolas:

Lettuce are coming to its end (though new seedlings are on their way) and we no longer need to make an effort to find the carrot leaves among the onions:


As primeiras plantações de cebolas já estão deitadas e não tarda que comecemos a colher as primeiras:

The first onion plantations already have their tops bent down and soon we will start to harvest them: 

Nota: esta prática de deitar os caules das cebolas (com ajuda de um ancinho) usa-se quando estas já atingiram um tamanho considerável e a folhagem está muito vigorosa, com o fim de favorecer a formação dos bolbos.

Note: when onions start to mature, and the tops are too vigorous, we can bend them down (using a rake) to speed the final ripening process.


As beringelas crescem a olhos vistos, embora algumas teimem em não ganhar cor:

Eggplants grow from day to day, although some insist in not taking any colour:


As couves-roxas já foram colhidas e têm feito partes de saladas, estufados e arroz, quando não oferecidas a amigos e vizinhos.

Red cabbages have been harvested and are being eaten in salads, stews and rice, as well as offered to friedns and neighbours:


E para terminar, uma fotografia-mistério, para ver se alguém consegue adivinhar que planta é dona de tão bonita flor:

And to finish with a note of mistery, can anyone tell the name of the plant who owns such a beautiful flower?


Sunday, July 21, 2013

Ginjas: um fruto, duas receitas / Sour cherries: one fruit, two recipes


As ginjas são provavelmente um dos meus frutos favoritos. São saborosas, doces q.b. e com aquele sabor especial das coisas que se vão tornando raras. Talvez por serem difíceis de conservar depois de colhidas, praticamente não se conseguem encontrar à venda. Felizmente, por baixo da nossa horta crescem várias ginjeiras de forma mais ou menos selvagem. Assim, todos os anos nos deliciamos a comê-las cruas, directamente da árvore, e apanhamos algumas para fazer ginjinha e também doce.

Aqui ficam as receitas.


Ginjinha: pegar nalgumas mãos cheias de ginjas, lavá-las e tirar-lhes os pés (mas não o caroço). Colocá-las em garrafas até cerca de 1/3 da capacidade e cobri-las com açúcar branco. Deixar assim durante umas duas ou três horas e depois encher as garrafas com uma aguardente de boa qualidade (nós usamos caseira, oferecida por vizinhos simpáticos). Pode juntar-se dois cravinhos-da-índia e/ou um pau de canela, se se gostar de um sabor mais exótico. Colocam-se as garrafas num local escuro e vão-se rodando suavemente de vez em quando (sem agitar demasiado), até o açúcar ficar completamente dissolvido (isto demora normalmente dois ou três dias). Fica perfeita ao fim de 6 meses, mas pode ser bebida mais cedo, se a paciência não for o vosso forte.


Doce de ginja: Colocar numa panela 1kg de açúcar branco e 1 kg de ginjas sem pé nem caroço. Se gostarem, podem juntar o sumo de 1 limão (eu não ponho). Levar ao lume até ferver e depois baixar o lume e deixar espessar até atingir o ponto de estrada (para verificar se já atingiu o ponto, deitar um pouco da calda num prato e passar o dedo pelo meio abrindo uma "estrada" no doce. Se a estrada se mantiver aberta, já está. Se fechar, é sinal que ainda precisa de mais tempo ao lume). Este doce é excelente comido numa torrada, sobre um gelado de baunilha ou nata (que é como eu tenho comido o meu ultimamente) ou como recheio de uma "jalousie" ou pequenos pasteis de massa folhada.



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Sour cherries must be one of my favorite fruits. They're tasty, sweet enough (but not too much) and with that exquisite taste of things that are becoming rare. They hardly can be found in shops nowadays, probably because they are difficult to keep stored. Fortunately, we have several sour cherry trees growing below our garden, so every year we delight eating them raw from the trees and we also pick up a few baskets to make ginjinha - a typical Portuguese liqueur - and sour cherry jam.


Here's how.


Ginginha: pick a few handfuls of sour cherries, wash them, remove the stems (but leave them unpitted) and insert them into bottles (the bottles should become 1/3 full, more or less). Cover the cherries with white sugar and let them settle for a couple of hours. Then, fill up the bottles with a good quality aguardente (we use home-made, offered by nice neighbours, but good quality ones can be found in supermarkets too). You can add 2 cloves and/or a cinnamon stick if you like, or just leave it plain and simple. Let it infuse in a dark place, stirring it very gently once in a while (don't shake it) until the sugar completely dissolves (this should take two or three days). It is good and ready after about 6 months but can be tasted earlier, if you become too impacient. Serve in small glasses either as an aperitif or at the end of the meal.

Sour Cherry Jam: Pour 1 kg of white sugar and 1 kg of pitted and stemless sour cherries on a saucepan. You can add the juice of one lemon if you like. Bring to a rolling boil and then simmer until thickened, stirring occasionally and skimming any foam from the top. Divide into clean jars and immediately cover with lids. Label and store in a cool place (no need to freeze if thick enough and jars were clean and immediately closed after filled up). This jam is delicious on a toast, used as a topping for ice-cream (which is how I've been eating mine lately) or as a filling for quick puff-pastry pies.

Friday, July 19, 2013

Floresta de Soignes (Bruxelas) / Sonian Forest (Brussels)

No dia seguinte à ida a Neerijse, houve tempo para uma segunda e última excursão - vantagens dos longos dias de Verão, que permitem terminar uma reunião às 18h00 e ainda ter tempo para um passeio! Desta feita, fomos até à Floresta de Soignes, uma floresta de cerca de 4.000 ha localizada a sul da cidade de Bruxelas. A floresta tem uma longa e interessante história, sendo uma relíquia da floresta das Ardenas (a mesma onde o Asterix e Obelix caçavam os seus javalis e dizimavam patrulhas romanas, lembram-se?) que ao longo da história foi sendo sucessivamente reduzida e transformada. Uma das razões porque sobreviveu até hoje foi o facto de se ter tornado uma zona de caça real, ao jeito da nossa  Tapada de Mafra. Mas a escala e a paisagem são totalmente diferentes, claro. Demos um belo passeio guiado por Dirk Raes, um dos florestais responsáveis e ficou bem claro que ele não só conhece bem aquela floresta, como adora o seu trabalho.

O meu desenho não faz justiça às impressionantes faias com mais de cem anos de idade, pois devia ter desenhado os meus colegas com metade do tamanho para manter a escala correcta: as árvores têm em média 40-50 m de altura! Completamente diferentes em tamanho e forma das que estou habituada a ver no norte de Espanha. Na verdade, fazem lembrar as sequoias gigantes e acho que não me surpreenderia se de repente aparecesse uma daquelas motas voadoras do Star Wars a acelerar por entre os troncos... Mas por muito impressionantes que sejam, estas faias foram plantadas.

O que gostei verdadeiramente de ver foi a forma como uma parte da floresta está a ser gerida de forma mais natural, deixando-a evoluir tirando partido da regeneração natural dos carvalhos e bétulas que, esses sim, se pensa serem os descendentes da floresta original. E também gostei de ver a maneira como os habitantes locais usufruem da sua floresta. Era o fim de um dia de semana, e ainda assim, vimos famílias com crianças, ciclistas, pessoas a passear a cavalo e outras a passear os seus cães, se bem que tendessem mais para se manterem nas zonas limítrofes e não se aventurarem muito no coração mais "selvagem" da floresta...

Se forem a Bruxelas e tiverem duas ou três horas livres, a Floresta de Soignes merece uma visita. Pode-se apanhar o autocarro 95 no centro da cidade e em cerca de 20 minutos chega-se lá. Tenho quase a certeza que não se
arrependerão.

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The day after our visit to the Neerijse, there was still time for another excursion - one of the advantages of the long Summer days is that you can finish a meeting at 18h and still manage a walk in the woods!

So we went to the Sonian forest, a large forest surrounded by the Brussels communities with a rich history. In the Middle Ages the forest extended over the southern part of Brabant up to the walls of Brussels and it was part of the Forest of Ardennes (if you were an Asterix fan, this is where he and his pal Obelix went to hunt wildboar and Roman patrols). Along the centuries, the forest has shrunk and transformed and one of the reasons it survived until this day is because at some point, it became a royal hunting place. A sort of Belgian Tapada de Mafra, but on a different scale and with different tree species, of course. We had a wonderful walk guided by Dirk Raes, one of the foresters in charge. It was clear he not only knows his forest, but he loves it as well.

My sketch doesn't really make justice to the impressive hundred-year-old beech trees. I should have drawn my colleagues about half the size I did in order to get the scale right: these trees are 40-50 m high on average, completely different in size and shape from the Iberian beech trees I'm used to see. They reminded me of giant sequoias and I guess I wouldn't be surprised if I saw a Star Wars flying speeder bike racing through them... But centenary and striking as they are, these beech trees were planted.

What I really liked to see is the way a part of the forest is being managed in a more natural way, leaving nature to its course and natural regeneration of oaks and hornbeam happening everywhere. I also liked to see how local people enjoy their forest. It was a regular evening on a work day and we saw families with children, cyclists, horse riders and people walking their dogs, though they tended to stay in the outer areas and not venture too much into the "wilder" heart of the forest...

If you go to Brussels and have a couple of hours to spare, the Sonian Forest is surely worth a visit. You can take bus 95 from the centre of the city and in just 20 minutes, you'll get there, which is exactly what we did. I dare say you will not regret it.

Monday, July 15, 2013

Neerijse – Doode Bemde


Julho tem sido um mês de viagens e apesar de as viagens serem de trabalho, tenho conseguido arranjar uns momentos para desenhar alguma coisa.

Este desenho foi feito numa reserva natural a sudeste de Bruxelas chamada Neerijse – Doode Bemde, que visitei com os meus colegas após um dia de reuniões. Estende-se por cerca de 250 ha e foi constituida a partir de pequenas parcelas de terreno que foram sendo compradas (ou trocadas por outras) ao longo dos últimos 20-25 anos por uma ONGA local, que agora gere a reserva em conjunto com os agricultores da zona. Trata-se de um mosaico de pastagens, bosques de amieiros e salgueiros e zonas alagadas atravessadas pelos rios Dijle e Ijse. Se bem que para alguém habituado às áreas naturais do sul da Europa, uma visita a esta zona se assemelhe mais a um passeio pelo campo (leia-se: campo cultivado - que aliás me lembrou um pouco o vale do Mondego), também é verdade que no contexto centro-europeu se trata de uma bela reserva, cuja visita se tornou ainda mais agradável graças ao guia que nos acompanhou e conhecia a região como as palmas das mãos.  O passeio terminou da melhor maneira, com uma cerveja na bonita vila de Neerijse.

Para o desenho, usei a minha caneta do costume e um pequeno kit de aguarelas com um  pincel com carga de água incorporada muito prático, pois evita termos de andar carregados com uma garrafa:


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July has been a traveling month and although I traveled for work, I was able to fit in some sketching.

This one was done in a nice area southeast of Brussels called Neerijse – Doode Bemde I visited with my colleagues after a day filled with meetings. It is a nature reserve of around 250 ha which has been built along the last 20-25 years by a local NGO by buying and swapping small land plots. It consists of a mosaic landscape of grasslands, willow-alder woodland, ponds and meandering  rivers Dijle and Ijse. The site is now managed together by the NGO and the local farmers. Although for someone accustomed to the Mediterranean  wilderness a visit to this area is more like a walk through the countryside (it actually reminded me of the Mondego river valley near my hometown, Coimbra), the site is nice enough in the central European context and we had a wonderful guide who made the visit all the more worthwhile. In the end we had a nice beer in the  adjoining pretty village of Neerijse.

For my sketch I used my usual pen and a handy field watercolor set that includes a really nice refillable brush to transport and store water:
 

Monday, July 8, 2013

Intercidades / Travelling by train

A semana passada tive que viajar até ao sul e pude usar o meu meio de transporte favorito - o comboio. No comboio podemos ir sentados, andar quando nos apetece, não se enjoa, por isso pode-se ler, trabalhar no computador ou até mesmo desenhar. Eu fiz um pouco de tudo isto.

Mas a certa altura, o ar condicionado da nossa carruagem avariou e tivémos que nos mudar para outra (lá fora estavam 42ºC, não sei exactamente até quanto subiu a temperatura no interior, mas uma coisa é certa: estava demasiado calor!). A nova carruagem tinha uma temperatura óptima, mas melhor do que isso, tinha também um excelente motivo para desenhar. Assim, escolhi estrategicamente um lugar de onde pudesse desenhar este casal de meia idade e o seu canário. É caso para dizer que há males que vêm por bem.

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Last week I had to go south. I love traveling by train - I can sit but I can also walk, I don't get sick, therefore I can read, work on a report or even draw. I did a bit of everything, actually.

At some point, the air conditioner in our carriage went down, so after a while we had to move to another compartment (it was 42ºC outside, I'm not sure how hot it became inside without the air conditioner, but it was definitely too much!). The new compartment had a great temperature but better than that, it also had a great sketching subject. So I strategically chose a seat from where I could sketch this middle-aged couple with their canary in its bird-cage. As the saying goes, every cloud has a silver lining.

Friday, July 5, 2013

Um Passeio pela Horta / Vegetable garden Tour

Depois de ler este post da SoleMama, decidi  escrever também sobre a nossa horta.

Sempre que me lembro, levo comigo a máquina fotográfica, para ir registando a forma como ela vai evoluindo. Mas depois as imagens ficam guardadas no computador, sem ordem especial, muitas vezes sem outra data que não o mês em que foram tiradas. E numa horta as mudanças são tão rápidas, que se notam de dia para dia, pelo que o arquivamento mensal das fotografias é francamente insuficiente.

Assim, resolvi que vou passar a escrever regularmente sobre a horta, de forma a organizar um pouco os registos que vou fazendo, e poder usá-los para melhorar, no ano seguinte. E com sorte, pode ser que mais alguém encontre aqui alguma coisa útil.
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Inspired by this post from SouleMama, I decided to write about our vegetable garden too.

Whenever I think of it in advance, I take the camera with me to the garden and take a few pictures to illustrate how it changes over time. But then I save my photographs in a computer file, most of the times without any further indication than the month they were taken and then I pretty much forget about them. But the changes in a garden are so fast that we notice them literally from day to day, so a monthly archive is clearly insufficient.

Therefore, I decided to start writing regularly about our vegetable garden. This will help organizing the pictures and hopefully it will be useful to improve next year's garden and maybe it will be interesting for someone else.


Esta é uma pequena parte da nossa colheita de alhos deste ano, que foram semeados no Inverno. Ainda não os apanhámos todos (mas está quase).

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This is a small sample of our garlic harvest, they were sown in winter. We haven't harvested them all yet (but we're almost there).


Dentro da estufa temos várias coisas. Aqui a minha filha mais nova está a apanhar alguns morangos.


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Inside the greenhouse we have several things, here my youngest daughter is picking up some strawberries.
Por enquanto ainda não apanhamos muitos de cada vez, mas têm um tamanho razoável e um sabor maravilhoso.

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So far we are only able to pick up a few each day, but they have a reasonable size and they taste wonderfully.


Aqui temos alfaces, cebolas e cenouras (ainda estão bastante pequenas, mas com algum esforço, conseguem distingui-las entre as duas fiadas de cebolas).

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Here we have lettuce, onions and carrots (they are still tiny, but with some effort, they can be seen between the two lines of onions).



E aqui uma lindíssima flor de courgette (e se virem com atenção, também conseguirão descobrir duas pequenas courgette em crescimento).

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And here is a beautiful zucchini flower  (and if you look closer, you'll be able to see two tiny growing zucchinis).


Esta é uma flor de beringela, ainda mais bonita que a das courgettes.

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This is an eggplant flower, even more beautiful than those of the zucchinis.




Também temos algumas aromáticas. O manjericão está muito bonito e cheira ainda melhor.

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We also have some herbs. The basil looks beautiful right now and has a wonderful aroma.


Esta é uma espécie de menta que apareceu sozinha no vaso do limoeiro, não sei exatamente do que se trata (não me parecem poejos) e ainda não tive tempo de procurar. Se alguém quiser dar uma ajuda, agradeço.

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This one showed up by itself and is probably a mint of some kind, but I don't know exactly which one (doesn't look like pennyroyal) and haven't had time to look it up yet, so if anyone knows what it is and cares to let me know, I'll be grateful.




Os tomates coração-de-boi estão a crescer....

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The oxheart tomatoes are growing...





... e os tomates-cereja também.

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... and so are the cherry tomatoes.





Por baixo da horta há um pequeno lameiro, limitado por uma sebe de ginjeiras que fazem as delícias de todos, pois são suficientemente doces para serem comidas em crú. E é exactamente isso que as minhas filhas estavam a fazer quando tirei esta fotografia.

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Below the garden is a small meadow surrounded by sour cherry trees that have fruit sweet enough to be enjoyed raw.  And that's exactly what my girls were doing when I took this picture.



E no caso de ainda não terem adormecido após tão longo post, deixo-vos com a imagem da colheita de uma das manhãs da semana passada.

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And in case you haven't fallen asleep after such a long post, I'll leave you now with a view of the harvest of one of last week's mornings.